A aclamação de d. Pedro foi programada para 12 de outubro, data de seu aniversário de 24 anos. Apesar da chuva que caía sobre os cariocas naquele sábado, o povo foi em peso prestigiar seu novo governante no Campo de Santana, que após a ocasião passou a ser chamado de Praça da Aclamação (ao menos até 1889, quando do advento da república). Por volta das nove horas da manhã, tropas selecionadas chegaram, formadas por fluminenses e paulistas. Infantaria, cavalaria, artilharia, granadeiros, caçadores e fuzileiros se alinharam na praça, à espera do futuro imperador. Enquanto isso, toda em festa decorada, ostentando arcos do triunfo e coretos onde tocavam orquestras, a cidade ouvia as salvas dos fortes e dos navios à entrada da baia de Guanabara.
Por volta das dez horas da manhã, uma guarda de honra formada por oficiais fluminenses e paulistas e três moços de estribeira – um índio, um mulato e outro negro – chegou ao local, indicando a aproximação de d. Pedro. O imperador vinha acompanhado de d. Leopoldina e da filha, a princesa d. Maria da Glória, seu destino era o antigo palácio do conde dos Arcos, defronte do Campo de Santana, onde se instalara, após a retirada de d. Marcos de Noronha e Brito para Portugal, o Senado da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Ali d. Pedro e a família foram recebidos pelos vereadores e por um discurso de Clemente Pereira, presidente do Senado, em que afirmava:
Quer o Brasil sustentar sua integridade, e defender a sua Independência, e antes morrer, que perdê-la; e também quer que sua forma de governo seja a de um Império Constitucional, Hereditário na Família Reinante de Vossa Majestade Imperial e seus augustos sucessores o distinto título de Defensor Perpétuo do Brasil.
No final do discurso, invocando o “Santo Liberalismo, o doce amor da verdadeira Glória e da Sólida Grandeza”, Clemente Pereira pedia que mostrassem ao “nosso jovem Imperador em vivas cores a fealdade da escravidão e a nobreza da Liberdade.”
D. Pedro assim respondeu:
Aceito o título de Imperador Constitucional, e Defensor Perpétuo do Brasil, porque tenho ouvido a Meu Conselho de Estado, e Procuradores Gerais e examinando as representações das Câmaras das diferentes províncias. Estou intimamente convencido que tal é a vontade geral de todas as outras, que só por falta de tempo não tem ainda chegado.
Dom Pedro I - A história não contada, Paulo Rezzutti, p. 160,161.