Tipos Populares (O “reco-reco”) – Desenho a bico de pena, datado de 1953,

Tipos Populares (O “reco-reco”) – Desenho a bico de pena, datado de 1953, de autoria do célebre desenhista e pintor Moacir Andrade, retratando um dos tipos populares mais comuns na cena urbana de Manaus – e do Brasil – até meados dos anos 60: o “reco-reco”, nome carinhoso dado aos trabalhadores da Prefeitura responsáveis pela limpeza dos canteiros, meios-fios, sarjetas e frestas do calçamento das ruas de pedras da Manaus antiga. Trabalhando de sol a sol, acocorados quase todo o tempo, protegidos apenas por imensos chapéus de palha, à moda dos ‘sombreros’ mexicanos; estes dedicados operários, munidos apenas de uma pequena foice e uma enxada, e de uma “paciência chinesa”, esforçavam-se em sua labuta diária para retirar o mato que, especialmente nos meses de inverno amazônico (dezembro a maio), teimava em medrar entre as frestas dos paralelepípedos e das pedras “jacaré” que revestiam as ruas e avenidas, dando-lhes um aspecto de abandono e desleixo. O mesmo trabalho diuturno, de raspagem e coleta, executavam os “reco-recos” em todas as praças e jardins, num tempo em que o zelo com a estética urbana era um valor altamente levado em conta pelas sucessivas administrações municipais, que dele não descuravam jamais. Igualmente recolhiam, diligentemente, os cacos de vidro que eram deixados pelas crianças nos trilhos dos bondes, para a produção do famoso “cerol” passado nas muitas pipas (ou “papagaios”) que coloriam os céus de Manaus. Destaques: Moacir Couto de Andrade nasceu em Manaus, em 1927. Desde cedo destacou-se no campo das artes plásticas, primeiramente como professor de Desenho no Ginásio Amazonense, e, em seguida, como artista profissional propriamente dito, dono de vasta produção pictórica ao longo de mais de 50 anos de carreira. Foi um dos fundadores, juntamente com outros intelectuais de sua geração, do célebre “Clube da Madrugada”, em 1954, movimento cultural que reuniu a plêiade do que havia de melhor na cena literária e artística do Amazonas. Suas telas e desenhos, cedo tornados célebres Brasil e mundo afora, além de retratar as belas paisagens amazônicas, também possuíam um forte viés sociológico, especialmente os trabalhos de sua fase artística inicial (anos 50/60), com imagens figurativas de cunho expressionista, plenas de movimento e cor local, que bebiam na fonte de suas andanças e vivências pela cidade e pelo interior do Estado, junto às pessoas do povo, com as quais interagia espontaneamente em seu dia-a-dia: marítimos (comandantes de barcos, canoeiros, catraieiros), “bucheiros” e “tripeiros” do Mercado, peixeiros, feirantes, tacacazeiras, lavadeiras, estivadores do porto, vendedores ambulantes, “curumins” e “cunhantãs”... Este é o belo mosaico humano que Moacir retratou em sua obra, e que o torna, sem sombra de dúvida, como o artista plástico amazonense mais celebrado e identificado, até a atualidade, pela crítica e pelos apreciadores de arte, com merecida razão. Fonte: Manaus Sorriso – Foto: Ilustração extraída do livro “Manaus – Ruas, fachadas e varandas” (1984), de autoria de Moacir Andrade.
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