Nome de uma das mais belas e importantes avenidas da capital amazonense - transitada diariamente por milhares de pessoas, que sequer suspeitam da grandeza do patrono a quem a via homenageia – Djalma da Cunha Batista, médico, cientista e intelectual dos mais renomados, nasceu em Tarauacá, no Acre (à época, território federal), em 20 de fevereiro de 1916. Na pequena localidade acreana Djalma passou sua infância, até transferir-se para Manaus, em 1929, a fim de completar seus estudos secundários no Colégio Dom Bosco. Na sequência, transferiu-se para Salvador, onde cursou a prestigiada Faculdade de Medicina da Bahia, a melhor do norte/nordeste brasileiro durante muitas décadas, colando grau em 1939. De volta ao Amazonas, começa a atuar profissionalmente em 1940, ocasião em que abre um laboratório dedicado à Patologia Clínica. Foi assistente efetivo da Santa Casa de Misericórdia (1940-1952), médico analista da Casa Doutor Fajardo (1940) e da Escola Técnica Federal (1942), além de capitão médico comissionado da Polícia Militar (1943). Especializando-se em tisiologia, ramo da medicina dedicado ao estudo da tuberculose - o chamado “mal do século”, que vitimava milhares de pessoas no mundo inteiro – cerrou fileiras junto à Liga Amazonense contra a Tuberculose, dedicando-se de corpo e alma ao trabalho desenvolvido pelo Dispensário Cardoso Fontes (do qual foi diretor) no combate àquela terrível moléstia bacteriana, ao lado de seu ilustre e abnegado colega, o médico Raymundo Moura Tapajós. A par de seu intenso trabalho de campo, como médico propriamente dito, dr. Djalma era igualmente um infatigável pesquisador, produzindo artigos e estudos com regularidade, que eram divulgados até em renomadas publicações científicas internacionais, angariando muitas láureas (diplomas, medalhas e honrarias) nesse ‘métier’. Era, não por acaso, membro da prestigiada 'National Geographic Society', sediada em Washington (EUA). O ponto alto de sua brilhante carreira se dá em 1954, quando participa, como um dos fundadores, da implementação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), do qual foi diretor por cerca de uma década, entre 1959-1968. Durante sua profícua gestão – e principalmente sob os auspícios do governo de Arthur Reis (1964-1967), ele mesmo ex-diretor do instituto – o INPA consolidou-se como um dos mais importantes centros de pesquisa científica do país. Dr. Djalma, sempre dinâmico, entrosou-o com instituições de alto nível, como o Museu Goeldi (PA) e o CNPq. Promoveu também a qualificação de seu quadro de pessoal, com a concessão de bolsas de estudo e estágios; montou laboratórios, uma estação climatológica, organizou e ampliou sua biblioteca, promoveu expedições de reconhecimento, estudo e pesquisa aos mais diversos rincões da Amazônia; e, por fim, obteve a tão almejada dotação orçamentária específica para o instituto, em parte advinda dos recursos do CNPq. Foi um gigante em sua administração, enfim. Não bastasse tudo isso, como “homem dos sete instrumentos” que era, ainda notabilizou-se como um respeitado intelectual, autor de várias obras literárias sobre a biologia e sociologia da região amazônica, hoje tidas como clássicos do gênero. Dentre elas cite-se “Paludismo na Amazônia”, “Letras da Amazônia” e “O Complexo da Amazônia” - esta última tida como sua obra-prima referencial - livros estes que lhe garantiram um merecido assento na Academia Amazonense de Letras e no Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA). Foi casado com a senhora Gilda Limongi, de tradicional família amazonense. Um de seus filhos, homônimo, é o conhecido cineasta Djalma Limongi Batista. Djalma Batista faleceu, um tanto precocemente, aos 63 anos, em 20 de agosto de 1979, deixando um bonito legado de estudo e amor à sua terra. Seu nome jamais deve ser esquecido pelos amazônidas, a quem dedicou toda a sua produtiva e honrada vida. Fonte: Manaus Sorriso. Foto: Gilda Limongi Batista.
PERSONAGENS DA HISTÓRIA DO AMAZONAS_DJALMA BATISTA (1916-1979)
byMarcelo Alves de Araujo vieira
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