A Europa, um continente conhecido por suas estações bem definidas e clima ameno, está
enfrentando uma nova e perigosa realidade: ondas de calor cada vez mais frequentes,
intensas e duradouras. O que antes era um evento esporádico, agora se tornou uma
característica alarmante dos verões europeus, com consequências devastadoras para a vida
das pessoas, a economia e, principalmente, a saúde dos mais vulneráveis, como idosos e
crianças. Este artigo explora a fundo a crise climática que se desenrola no continente, os
impactos do calor extremo e as medidas urgentes que precisam ser tomadas
Uma Nova Realidade Climática: O Aumento Alarmante das
Ondas de Calor
Os dados não mentem. A Europa está aquecendo a um ritmo acelerado. Em , o sudeste
do continente sofreu a mais longa onda de calor já registrada, com duração de dias
consecutivos, afetando % da região . O número de dias com 'forte estresse térmico' e
'noites tropicais' bateu recordes, tornando o alívio do calor uma tarefa quase impossível
para milhões de pessoas.
A consequência mais trágica desse novo cenário é o aumento da mortalidade. Um estudo
chocante revelou que em , o calor extremo foi responsável por mais de . mortes
em países europeus []. Os países do sul da Europa, como Grécia, Itália e Espanha,
lideram as estatísticas de mortalidade, evidenciando a vulnerabilidade da região a essas
temperaturas extremas.
'Pensam que o aquecimento de ,°C é seguro? Este relatório põe a nu o sofrimento por
que a população da Europa já passa devido a condições meteorológicas extremas', afirma
Friederike Otto, professora catedrática do Centro de Política Ambiental .
O Impacto na Saúde: Idosos e Crianças, os Mais Vulneráveis
Embora o calor extremo afete a todos, seus efeitos são desproporcionalmente sentidos
pelos grupos mais vulneráveis da sociedade: os idosos e as crianças. Seus corpos
respondem de maneira diferente ao estresse térmico, tornando-os suscetíveis a uma série
de problemas de saúde graves.
Idosos: Um Risco Silencioso e Crescente
Os idosos são particularmente vulneráveis ao calor por diversas razões. Com o
envelhecimento, a capacidade do corpo de regular a temperatura diminui. Muitos também
sofrem de doenças crônicas (cardiovasculares, respiratórias, renais) que são agravadas pelo
calor. Além disso, o uso de certos medicamentos pode interferir na capacidade de
transpiração e na percepção de sede.
As estatísticas são um alerta sombrio: a taxa de mortalidade relacionada ao calor na
população acima de anos é % maior em comparação com a faixa etária de a
anos []. O isolamento social, um problema comum entre os idosos, agrava ainda mais a
situação, pois muitos não têm quem os ajude a tomar as precauções necessárias ou a
procurar ajuda em caso de emergência.
Crianças: Pequenos Corpos, Grandes Riscos
As crianças, especialmente os bebês e as crianças pequenas, também são extremamente
suscetíveis aos efeitos do calor extremo. Seus corpos têm uma área de superfície maior em
relação ao peso, o que as faz ganhar e perder calor mais rapidamente. Além disso, seus
sistemas de regulação térmica ainda estão em desenvolvimento, e elas dependem mais dos
adultos para se manterem hidratadas e protegidas do sol.
Dados da UNICEF revelam que quase metade das crianças na Europa e na Ásia Central ‒
cerca de milhões ‒ está exposta a uma alta frequência de ondas de calor []. Em ,
aproximadamente crianças perderam a vida na Europa e na Ásia Central devido a
doenças relacionadas ao calor []. A exposição ao calor pode ter efeitos agudos nas
crianças, mesmo antes de nascerem, resultando em nascimentos prematuros e baixo peso
ao nascer []. Além dos riscos diretos à saúde, o calor extremo pode interromper a
educação, como visto em , quando cerca de milhões de crianças globalmente
tiveram suas aulas interrompidas devido a eventos climáticos extremos, incluindo ondas de
calor [].
Impactos Abrangentes na Vida Cotidiana
Além dos impactos diretos na saúde, o calor extremo afeta profundamente a vida cotidiana
na União Europeia. A produtividade no trabalho diminui, especialmente em setores que
exigem esforço físico ao ar livre. A infraestrutura é testada, com estradas derretendo, trilhos
de trem empenando e sistemas de energia sobrecarregados devido ao aumento do uso de
ar condicionado. A agricultura sofre com secas e perdas de colheitas, impactando a
segurança alimentar e a economia local.
O turismo, uma indústria vital para muitos países europeus, também está sendo redefinido.
Com temperaturas escaldantes no sul da Europa, destinos mais frios no norte do continente
estão se tornando mais atraentes para os viajantes, alterando padrões de fluxo turístico e
gerando desafios econômicos para as regiões tradicionalmente quentes.
O Caminho a Seguir: Adaptação e Mitigação Urgentes
Diante dessa realidade, a União Europeia e seus estados membros precisam intensificar
urgentemente as ações de adaptação e mitigação. Isso inclui
Sistemas de Alerta Precoce:
Fortalecer e disseminar amplamente sistemas de alerta
para ondas de calor, garantindo que a população, especialmente os grupos vulneráveis,
receba informações claras e em tempo hábil sobre os riscos e as medidas de proteção.
Infraestrutura Resiliente:
Investir em infraestrutura que possa suportar temperaturas
extremas, como edifícios com melhor isolamento térmico, telhados verdes, e sistemas
de transporte adaptados.
• Espaços Verdes Urbanos:
Aumentar a quantidade de áreas verdes em cidades, que
ajudam a reduzir o efeito de ilha de calor urbana e proporcionam locais de refúgio e
resfriamento para a população.
Ações de Saúde Pública:
Desenvolver e implementar planos de saúde pública
específicos para ondas de calor, incluindo a criação de centros de resfriamento,
campanhas de conscientização sobre hidratação e sinais de exaustão por calor, e
treinamento de profissionais de saúde.
• Políticas de Proteção Social:
Garantir que os mais vulneráveis tenham acesso a
recursos e apoio para enfrentar o calor, como acesso a ar condicionado para idosos e
famílias de baixa renda, e programas de assistência para trabalhadores ao ar livre.
Redução de Emissões:
Acima de tudo, é imperativo acelerar a transição para uma
economia de baixo carbono, reduzindo drasticamente as emissões de gases de efeito
estufa. A mitigação das mudanças climáticas é a única solução de longo prazo para
conter o aquecimento global e a frequência de eventos extremos
O calor extremo na Europa não é mais uma ameaça distante, mas uma realidade presente
que exige ação imediata e coordenada. Proteger a vida e a saúde das pessoas,
especialmente os mais frágeis, deve ser a prioridade máxima na construção de um futuro
mais resiliente e sustentável para o continente.
Referências
[] Euronews. (, de abril). *Inundações, tempestades e ondas de calor mortíferas: os
"graves impactos" das alterações climáticas na Europa em *.
Disponível em:
https://pt.euronews.com/green////inundacoes-tempestades-e-ondas-de-calormortiferas-os-graves-impactos-das-alteracoes-clima
[]
Correio Braziliense. (, de agosto). Calor causou mais de mil mortes na Europa
em .
Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/ciencia-esaude///-calor-causou-mais-de--mil-mortes-na-europa-em-.html
[] UNICEF Portugal. (s.d.). em cada crianças na Europa e na Ásia Central expostas a uma
alta frequência de ondas de calor. Disponível em:
https://www.unicef.pt/atualidade/noticias/ondas-de-calor-europa-e-asia-central/
[]
UN News. (, de julho). Aumento do calor na Europa e Ásia Central mata quase
crianças. Disponível em: https://news.un.org/pt/story///
[] ClimaInfo. (, de janeiro). Clima extremo interrompeu aulas de mais de
milhões de crianças em todo o mundo em . Disponível em:
https://climainfo.org.br////clima-extremo-interrompeu-aulas-de-mais-de--
milhoes-de-criancas-em-todo-o-mundo-em-/