O Decepado


Duarte de Almeida, Alferes-Mor de D. Afonso V de Portugal, tornou-se símbolo de honra e heroísmo após o ato de patriotismo que praticou na Batalha de Toro, dada a 1 de Março de 1476.

Tendo sido a dita batalha travada no contexto da Guerra da Sucessão de Castela, conflito em que Portugal apoiava D. Joana de Trastâmara como legítima sucessora da Coroa espanhola, frente aos partidários de D. Isabel, Duarte de Almeida encontrava-se encarregue da distinta responsabilidade de carregar o estandarte português.
Apesar da inferioridade numérica das forças isabelinas, as tropas portuguesas caíram em desordem e abandonaram o pavilhão real, levando a que um grande número de castelhanos se tentasse apoderar dela. Não poupando esforços para evitar tal desastre, Duarte de Almeida lutou heroicamente contra os seus opositores, que na contenda lhe acabariam por decepar a mão direita. Indiferente à dor, Almeida continua a pelejar, passando a bandeira para a mão esquerda, que de imediato lhe é cutilada. Desesperado mas sem nunca se resignar, o nobre português morde o estandarte e fica desta feita a segurá-lo com os dentes, acabando por cair, moribundo, mas sem nunca se render aos castelhanos, ganhando por este motivo a alcunha de "O Decepado".

Duarte de Almeida, que estaria às portas da morte, acabaria por receber tratamento médico no acampamento das forças castelhanas, sensibilizadas com tal ato de heroísmo e tornaria meses depois ao Reino. A bandeira, essa, seria recuperada por Gonçalo Pires, que por este feito e por outros leais serviços prestados à Coroa portuguesa no norte de África, seria elevado ao estatuto de nobre e adquiriria o simbólico nome "Bandeira".

Miguel Louro
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