Portugal, um país de beleza natural ímpar e paisagens deslumbrantes, enfrenta anualmente um desafio recorrente e devastador:
as queimadas. Longe de serem meros incidentes sazonais, esses incêndios florestais representam uma ameaça persistente que transcende a destruição ambiental, impactando profundamente a economia nacional, a subsistência de empresários e, crucialmente, a saúde das comunidades circundantes. Este artigo de blog profissional visa explorar a complexidade desse problema, detalhando os prejuízos econômicos e os graves riscos à saúde pública associados às queimadas em Portugal.
O Panorama das Queimadas em Portugal: Uma Realidade Recorrente
As queimadas em Portugal são um fenômeno complexo, influenciado por fatores
climáticos, geográficos e, predominantemente, humanos. De acordo com o Instituto da
Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), cerca de % das ocorrências em Portugal
Continental têm causa humana []. Essa estatística alarmante sublinha a urgência de uma
mudança de comportamento na sociedade para mitigar o risco de incêndios. A cada ano, o
país se depara com a declaração de "situação de alerta" devido a ondas de calor extremo,
que criam condições propícias para a rápida propagação do fogo
O combate a esses incêndios mobiliza milhares de operacionais e recursos, como
evidenciado pelos mais de . operacionais e dezenas de incêndios ativos reportados
recentemente []. A frequência e intensidade dos incêndios florestais extremos em Portugal
têm sido agravadas pelas alterações climáticas, tornando o país um dos mais afetados
globalmente
Prejuízos Econômicos e o Impacto nos Empresários
Os incêndios florestais em Portugal acarretam perdas econômicas substanciais, afetando
diversos setores e a subsistência de inúmeros empresários. Em , o custo dos incêndios
florestais em Portugal ascendeu a , milhões de euros, com uma área ardida de .
hectares [, , ]. Esses valores, embora expressivos, podem não refletir a totalidade das
perdas, uma vez que os custos indiretos e de longo prazo são difíceis de quantificar
Setores Mais Afetados:
Setor Florestal:
É o mais diretamente impactado, com a destruição de florestas, perda
de madeira, resina e outros produtos florestais. A recuperação de áreas florestais pode
levar décadas, comprometendo a produção e a rentabilidade de empresas do setor. O
impacto econômico do Grande Incêndio Florestal de junho de , por exemplo, foi
objeto de estudo aprofundado [
Agricultura e Pecuária:
Propriedades agrícolas são devastadas, culturas são perdidas e
o gado pode ser afetado ou morrer. Isso gera prejuízos significativos para agricultores e
pecuaristas, muitos dos quais são pequenos e médios empresários com pouca
capacidade de recuperação sem apoio.
• Turismo:
Regiões afetadas por incêndios perdem seu apelo turístico, resultando em
cancelamentos de reservas, queda na ocupação hoteleira e prejuízos para restaurantes,
lojas e outros negócios locais que dependem do fluxo de visitantes. A imagem de um
país em chamas afasta turistas, mesmo em áreas não diretamente atingidas.
Comércio e Serviços Locais:
A destruição de infraestruturas, estradas e redes de
comunicação pode isolar comunidades, impedindo o funcionamento normal do
comércio e dos serviços. Além disso, a diminuição da população local, que muitas vezes
se desloca após os incêndios, afeta a demanda por bens e serviços.
Desafios para os Empresários:
Empresários em áreas afetadas enfrentam uma série de desafios, desde a perda total de
seus negócios até a dificuldade de acesso a financiamento e seguros. Embora o governo
tenha implementado medidas para agilizar o pagamento de prejuízos, como a promessa de
pagar valores abaixo de mil euros sem burocracia [, , ], a realidade é que muitas
empresas ainda aguardam o recebimento de apoios pós-incêndios []. A União Europeia
tem disponibilizado fundos para cobrir prejuízos, com Portugal recebendo autorização para
utilizar milhões de euros em fundos europeus [], mas a burocracia e a lentidão na
distribuição desses recursos podem agravar a situação dos empresários.
Os incêndios também têm um impacto no capital e no emprego das empresas, conforme
análises que cruzam informações empresariais com dados de áreas ardidas []. A perda de
empregos e a descapitalização de empresas contribuem para o empobrecimento das
regiões afetadas e para a desaceleração da economia local e nacional.
Impactos na Saúde das Pessoas ao Redor
Além dos prejuízos econômicos, as queimadas em Portugal representam uma séria ameaça
à saúde pública, especialmente para as populações que vivem nas proximidades das áreas
afetadas. A inalação do fumo proveniente dos incêndios florestais é um dos principais
fatores de risco, contendo uma mistura complexa de gases tóxicos e partículas finas que
podem penetrar profundamente nos pulmões
Principais Problemas de Saúde Causados pela Exposição ao Fumo:
Problemas Respiratórios:
O fumo dos incêndios pode causar irritação nos olhos, nariz
e garganta, tosse persistente, aumento das secreções e expectoração, e inflamação das
vias aéreas [, ]. Pessoas com doenças respiratórias preexistentes, como asma,
bronquite crônica e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), são particularmente
vulneráveis, podendo sofrer exacerbações graves de suas condições []. Estudos
indicam que a exposição ao fumo de incêndios florestais pode levar a alterações
respiratórias, cardíacas, neurológicas e oftalmológicas
Problemas Cardiovasculares:
As partículas finas presentes no fumo podem entrar na
corrente sanguínea e afetar o sistema cardiovascular, aumentando o risco de ataques
cardíacos, derrames e outras doenças cardiovasculares, especialmente em idosos e
indivíduos com histórico de problemas cardíacos [].
• Impactos Neurológicos e Oftalmológicos:
A exposição prolongada ao fumo pode ter
efeitos neurológicos, embora menos estudados, e causar irritação ocular severa,
conjuntivite e outros problemas oftalmológicos.
• Saúde Mental:
O estresse, a ansiedade e o trauma associados à perda de bens, casas e
até mesmo entes queridos devido aos incêndios podem ter um impacto significativo na saúde mental das populações afetadas. A incerteza e o medo de novos incêndios
também contribuem para o sofrimento psicológico.
Grupos de Risco:
Crianças, idosos, grávidas e pessoas com doenças crônicas são os grupos mais vulneráveis
aos efeitos do fumo dos incêndios. A capacidade pulmonar das crianças ainda está em
desenvolvimento, tornando-as mais suscetíveis a problemas respiratórios. Idosos e pessoas
com condições médicas preexistentes têm sistemas imunológicos mais frágeis e menor
capacidade de recuperação
Medidas de Proteção:
As autoridades de saúde recomendam que as populações em áreas afetadas permaneçam
em ambientes fechados, com janelas e portas seladas, e utilizem máscaras de proteção
respiratória quando a qualidade do ar estiver comprometida. A monitorização da qualidade
do ar é crucial para alertar as comunidades sobre os níveis de poluição e as medidas a
serem tomadas
Conclusão
As queimadas em Portugal são um problema multifacetado que exige uma abordagem
integrada e contínua. Os prejuízos econômicos para empresários e os graves impactos na
saúde pública das comunidades são consequências diretas de um fenômeno que, embora
influenciado por fatores naturais, tem na ação humana a sua principal causa.
A prevenção,
através da sensibilização e da alteração de comportamentos, aliada a uma gestão florestal
eficaz e a sistemas de apoio robustos para as vítimas, são pilares essenciais para mitigar os
efeitos devastadores desses eventos. É imperativo que Portugal continue a investir em
estratégias de longo prazo para proteger o seu território, a sua economia e, acima de tudo, a
saúde e o bem-estar dos seus cidadãos.
Referências
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Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/portugal-decreta-estado-dealerta-contra-incendios-em-meio-a-onda-de-calor/
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Disponível em: https://observador.pt////incendios-prejuizos-ate--mil-eurosserao-pagos-sem-papeis-afirma-o-ministro/
[] CNN Portugal. Governo vai pagar prejuízos dos incêndios "abaixo de mil euros" sem
pedir papéis. Disponível em: https://cnnportugal.iol.pt/incendios/apoios-
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Disponível em: https://greenefact.sapo.pt/fact-check/o-fumo-dos-incendios-florestaispode-ser-fatal-para-a-saude-humana/
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