A Cidade de São Paulo no Brasil Império


Na virada do século XIX a Capital da Província de São Paulo era uma pequena cidade em súbita ebulição. Em 1822 o Imperador Dom Pedro I proclama a Independência do Brasil nos arredores da cidade que é nomeada Sede Administrativa da província.

Em 1827, por decreto Imperial, funda-se a Academia de Direito do Largo de São Francisco um das mais antigas faculdades do Brasil, que tinha como principal característica a preparação de políticos e burocratas direcionados para vida pública nacional, voltados para administração do Império, a Cidade de São Paulo passa a ser um dos centros da Vida intelectual Brasileira. Aureliano Leite considerou a Faculdade de Direito de São Paulo "o maior laboratório de homens públicos do Brasil" 

Graças a essa instituição, transformou-se São Paulo na cidade acadêmica, de que falam alguns viajantes do século passado

A riqueza da economia cafeeira passa a irrigar a cidade, e, atraídos pelo dinheiro, novos fluxos populacionais, inicialmente tímidos, mas depois decididos e volumosos, começam a aportar na cidade. A evolução numérica da população é mais enfática do que qualquer insistência em descrever o fenômeno.

São Paulo em 1872, com pouco mais de 30.000 habitantes, passou a contar com sua primeira linha de bondes, telégrafos e luz a gás. Em 1890 a cidade já tinha cerca de 65.000 habitantes. 

Em 1867 era inaugurada pela empresa São Paulo Railway o lastro ferroviário que ligava Santos a Jundiaí, com extensão de 159 quilômetros e passagem por São Paulo justamente na Estação da Luz e Cubatão, planejada principalmente para transportar a produção de café do noroeste paulista ao porto de Santos.
 
O Maior Teatro da Cidade, o de São José, tinha tinha capacidade para 1200 pessoas. Em 1881 ocorreu a instalação das primeiras canalizações de esgoto em São Paulo, também foi época da construção do  Viaduto do Chá, o primeiro viaduto a ser construído na cidade de São Paulo. Em 1872, quando o Brasil comemorava seu primeiro meio século como país independente, São Paulo era a 11ª cidade brasileira. Menor que Recife, Salvador e Rio de Janeiro, e também que Teresina. Para São Paulo, a segunda metade do século XIX marca o momento de transição da economia açucareira exportadora para o café, cultura destinada ao mercado internacional. O período é crucial, pois a província alça a posição de uma das maiores produtoras e exportadoras de café.

Representa para São Paulo a segunda metade do século XIX uma época de profundas transformações, através das quais começou a delinear-se a grande cidade de nossos dias. Se até 1870 continuou a ser uma "cidade acadêmica" ou um "burgo de estudantes", gravitando sua vida em tôrno da Faculdade de Direito, a partir daquela data a capital paulista como que rompeu as barreiras que a cingiam à colina histórica, pôs-se a expandir de maneira sempre crescente e imprevisível, viu alterar-se seu ritmo de vida, passou a conhecer funções novas, modernizou-se, num caminho rápido e 
-seguro para o espetacular crescimento registrado no século atual.

Dentre os fatôres de importância que podem explicar o crescimento da cidade na segunda metade do século XIX, três aparecem intimamente entrelaçados: a expansão cafeeira, a multiplicação das estradas de ferro e o surto da imigração européia.

Ao findar o século XIX, pôde São Paulo 
apresentar índices expressivos de um progresso ininterrupto: 3.375 km. de vias-férreas, mais de meio bilhão de cafeeiros e uma população de quase 2.300.000 habitantes, em todo o Estado . 

E a capital paulista, que apenas contava com 31.000 habitantes em 1872 e ocupava o modesto posto de décima primeira cidade brasileira, passou a ter uma população de quase 240.000, no ano de 1900. Também estreitamente ligada à expansão do café, a imigra-
ção européia, principalmente italiana, que se intensificou a partir de 1887, veio dar novas fôrças à economia paulista e, sobretudo, contribuir para acentuar a feição cosmopolita que já vinha carac-
terizando a cidade de São Paulo, desde meados do século. 

"No quinqüenio de 1885-1889, São Paulo recebia 168.127 imigrantes. Nos cinco anos seguintes (1890-1894), as entradas eram de 219.790. De 1895 a 1899, as lavouras absorviam 415.296 trabalhadores estrangeiros. Num 
período de 15 anos, 903.203 imigrantes traziam novo impulso à riqueza paulista. 

A cultura cafeeira continuava 
absorvendo, quase totalmente, os elementos recém-chegados e tomando de assalto a atividade do homem de São Paulo"  Desde essa época, o elemento estrangeiro, sobretudo o italiano, começou a aparecer nas mais diferentes atividades no comércio, na indústria, em funções "técnicas especializadas, nas artes, no ensino. Na indústria, principalmente, notável foi a influência dêsse novo elemento da população urbana, cuja presença se fêz sentir sobretudo na última década do século, quando teve lugar o primeiro surto industrial da Paulicéia.

Ernani Silva Bruno, ao dividir em períodos seu notável estudo a respeito da história paulistana, fêz estender até 1872 a fase a que denominou de "Burgo de Estudantes" (1828-1872) e considerou a fase subseqüente (1872-1918) como sendo a da "Metrópole do Café".

 Dentro da mesma ordem de idéias, Pierre Monbeig, ao estudar êsse período, preferiu usar a  expressão "A Capital dos Fazendeiros". Percebe-se, assim, que a década de 1870-1880 constitui 
dubitàvelmente um marco na evolução da capital paulista; e que foi o café, direta ou indiretamente, o grande responsável pela impressionante mutação sofrida pela cidade de São Paulo, a partir dessa época.

Em 1901, existiam na cidade de São Paulo 7.962 operários, dos quais 4.999 eram estrangeiros, em sua grande maioria italianos.

Na virada do século XX, quando o Brasil já era República, São Paulo havia se transformado na segunda maior cidade do país, com seu meio milhão de habitantes. Maior, só mesmo o Rio de Janeiro, capital federal.

 Fonte:A evolução industrial de São Paulo (1889-1930). Por Edgard Carone
Postagem Anterior Próxima Postagem

Top Post Ad

نموذج الاتصال