O Visconde de Mauá e a Industrialização do Brasil.


Irineu Evangelista de Souza, (1813-1889) o Visconde Mauá começou sua vida profissional, em 1825, aos doze anos de idade, na cidade do Rio de Janeiro, trabalhando como caixeiro para um negociante português de nome João Rodrigues Pereira de Almeida.

Quando em 1846, resolveu iniciar nova carreira de impulsionador da Indústria, Irineu possuía uma larga experiência comercial e financeira, além da firma criada por ocasião de sua primeira viagem à Inglaterra, seis anos antes. 

A Partir da decada de 1850 abre várias frentes de desenvolvimento no país:

O projeto de iluminação a gás na cidade do Rio de Janeiro (1854) através da Cia de Iluminação a Gás, substituindo o óleo de baleia.

A organização da Cia de Navegação no Amazonas (1852), onde esperava integrar a vastíssima floresta ao restante do país. 

O estabelecimento da companhia de bondes do Rio de Janeiro (1862). Estrada de Ferro de Recife a S. Francisco, Companhia Diques Flutuantes  e Companhia de Curtumes Estrada de Ferro de Antonina a Curitiba Montes Áureos Brazilian Gold Mining Co. 

A construção da primeira ferrovia no país, a Estrada de Ferro Rio-Petrópolis (1854). Este feito lhe rendeu o título de Barão de Mauá. 

A participação na construção da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí.

Abastecimento de água à capital do Império. O assentamento do cabo telegráfico submarino entre Brasil e Portugal (1874). Foi este projeto que lhe rendeu o título de Visconde de Mauá. 

O emblema heráldico do novo nobre exibia um motor a vapor no topo de seu brasão, com um navio a vapor abaixo. 

O Emblema faz referência ao Estabelecimento dos Estaleiros da Ponta d'Areia, uma das primeiras indústrias de construção naval do Brasil em 1844 e a Primeira Estrada de Ferro em 1854, todas iniciativas de Irineu.

Francisco Pereira Passos dirá, em 1880, sobre o acontecimento: “esta estrada de Mauá deve ser para os brasileiros uma empresa venerada, ela simboliza o alfa da nossa viação férrea."

Atualmente o Brasão de Armas de Mauá é o emblema oficial do Batalhão Ferroviário do Exército Brasileiro, o Batalhão Mauá.

Controlava 8 das 10 maiores empresas do Brasil, sendo que as 2 restantes eram negócios do Estado. Seus ideais pareciam infalíveis, e se consolidava como o maior vetor de desenvolvimento que o país já tivera até então.

Mesmo assim, não era uma unanimidade. Suas aproximações com os gabinetes do Império o forçaram a investir em negócios que vieram a provar um fracasso, seja pelo alto risco ou até mesmo a má-fé e ressentimento dos agentes públicos.

Se aproximou dos Rothschild, uma das maiores dinastias bancárias, para viabilizar seus enormes empreendimentos. Mas ao longo prazo isso provou-se nocivo, e parte dos seus negócios foram transferidos para eles por valores módicos, em julgamentos no mínimo duvidosos, principalmente a iniciativa da construção da São Paulo Railway.

O inimaginável aconteceu, e Mauá foi à lona. Porém, não com menos dignidade e honradez, que lhes serviram de companhia durante sua vida. Diz-se que pagou todos os seus credores antes de sua morte, não ficando dívida que pudesse ser reclamada, mesmo tendo que vender até objetos íntimos e pessoais.

O governo não destinou capitais para tirar seu banco da falência. O Barão de Mauá terminou seus dias atuando como corretor de negócios do café, evidenciando que a economia do reinado de D. Pedro II ainda estava ligada à exportação desse produto agrícola. 

Décadas depois, em sua biografia sobre o visconde, Alberto de Faria oferece aos leitores um Mauá arquetípico, apresentando-o, nos termos de Carlyle, como um ideal realizado, uma encarnação prática dos valores e rumos a serem perseguidos pela nação. Irineu Evangelista teria, não apenas antevisto de forma abstrata as linhas mestras da nação, antes, pelo contrário, fora capaz de demonstrar, efetivamente, suas idéias, fazendo de suas ações um guia prático para a posteridade. “Gênio realizador” – eis como o definia Getulio Vargas. Assim sendo, aquilo que, em vida, Mauá não fora capaz de realizar, por obstáculos alheios à sua vontade, cumpria ser levado a cabo pelas gerações futuras. Era essa a mensagem básica da narrativa autobiográfica escrita por Faria. Finalmente, em suas obras de interpretação do Brasil, Azevedo Amaral reconhecia em Mauá “o restaurador do sentido econômico da evolução brasileira”  Fonte: Mauá - Alberto de Faria
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