A FRANÇA PROFUNDAMENTE REPÚBLICANA DEU AO EX-IMPERADOR DO BRASIL UM FUNERAL DIGNO DE UM CHEFE DE ESTADO. O BRASIL? NADA FEZ.



A igreja da Madeleine foi preparada para as exéquias e o governo francês colaborou com os preparativos. Do Brasil, a única voz oficial erguida não foi de luto e sim de protesto. O embaixador brasileiro junto à França protestou perante o cerimonial francês.

O falecimento de d. Pedro ocorreu sem dor, como se ele dormisse. Todos os presentes, d. Isabel, o conde d’Eu, seus filhos, o genro duque de Saxe com os filhos, os diversos brasileiros e estrangeiros presentes, como o professor Seybold, se puseram de joelhos e rezaram por sua alma. O conde de Aljezur, oficial da câmara de Sua Majestade Imperial, lavrou o ato de sua morte. Houve beija-mão ao cadáver de d. Pedro e os brasileiros beijavam também a de d. Isabel, aos prantos pela morte do pai, sendo reconhecida pelos presentes como a nova chefe da Casa Imperial. 

Sad Carnot, presidente da República francesa, que estava fora de Paris, mandou todos os membros da Casa Militar em trajes de gala levar os pêsames para a princesa d. Isabel. Os mais importantes nomes da França, republicanos, monarquistas, sábios, literatos, além de brasileiros, alinharam-se no livro de condolências pela morte do ex-imperador. A monarquia européia, casas reinantes e ex-reinantes, compareceram em peso, além de embaixadores de diversas nações. 

Junto à princesa de Joinville, a única dos presentes que conhecera o imperador desde criança, estavam diversas cabeças coroadas, representantes de reis e imperadores, da nobreza da França e de boa parte da Europa. O corpo diplomático estrangeiro em Paris era encabeçado pelo decano monsenhor Ferrata, núncio papal. Todos os representantes dos países da América estavam presentes, com exceção dos de Brasil, México e Venezuela. A academia francesa havia comparecido em grande número. Ao lado de escritores como Alexandre Dumas Filho, viam-se maestros como Gounod e Abroise Thomas. Matemáticos, físicos, ao lado de médicos, como Charcot, e os orientalistas Gauthier, Foucart, Boilisle. Nos funerais de um monarca, até então, nunca se vira tantos intelectuais e acadêmicos. 

Paulo Rezzutti – Dom Pedro II – A história não contada, p. 494,495,496.

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